10.8.22

Tolices







é... eu estive lá, com a faca e o queijo na mão...

quantas canções poderiam ter sido gravadas, quantos pequenos shows deixaram de acontecer...

quanta gente continuou no rol dos desconhecidos...

quanta droga, quanta insatisfação...

quanta tragédia, quanta solidão...

Tolices





9.8.22

Palavras



Certa vez eu questionei: como pôde??? Como pôde???


A resposta foi: pôde porque pode. As pessoas são assim.

Pessoas são como são, e fazem o que fazem, e não há nada que tu, nem ninguém, possa fazer quanto a isso.

Pois é, somos como somos...






3.8.22

11 Comprimidos






Nesta manhã, fui contaminado pelas crianças em deslocamento para suas escolas.

Me lembrou eu e minha prima, quando caminhávamos para o colégio, nos empurrando e brigando no meio do caminho.

Fora isso, na noite de ontem, tive o prazer e o privilégio da companhia de um velho amigo.

Luiz Buñuel, Fellini, Truffaut, Hitchcock e até Glauber Rocha...

Como sempre, e bem como eu lembrava, uma aula de cultura sobre a sétima arte.

Opinião embasada é outro nível. Nível de aula mesmo.

Passados quase vinte anos, e há alguns anos perdida a convivência, algumas coisas saltam aos olhos. Certamente, ele ficou surpreso com o manequim do meu sutiã, e a circunferência da minha pança. Não comentou nada, é claro, por ser um gentleman.

Porém, em determinado momento eu ouvi: "onze comprimidos"!

Não sou exatamente um gentleman, porém, me contive e mantive o sorriso, amarelo, a essas alturas...

Lembrei dos tempos de "chopp no shopping?!", "Camassola hoje?!", "Casarão?", "Tomar umas 4 ou 9"... Que foda!

Um novo sentido de urgência se precipitou no meu ser.
Senti que preciso abandonar o sutiã!




1.8.22

Brumas de Galileo



 

E tinha teias de aranha até por dentro das costelas.

Os olhos estavam grudados de ramela e os ouvidos tampados de cera.

No rego, aquela craca de bosta seca, que nem orgânica era mais.

Nos pés, a pele morta, ressecada e quebradiça, deu lugar a uma pele nova, rosada e frágil.

Os pulmões, encarvoados pelo tabaco de anos, com aquela gosma endurecida, de repente se inflam vagarosamente...

As unhas eram tão inúteis quanto perigosas...

Os músculos eram finas tiras de carne fraca, colados aos ossos pela pouca gelatina que restava...

Mas, eis que de repente, toda essa gosma, teia de aranha, ramela e bosta seca, começam a perder seu lugar. E assim, ele vai se reestabelecendo novamente. Com a pressa da crisálida, mas, com a urgência do asfixiado. Nem tão fácil assim equilibrar pressa e urgência, enfim...

Parece ser possível ouvir as cordas vibrando... Ah, aquele piano!

As Time Goes By.