25.2.19

E o que sobrou?



- Que é que eu vou fazer pra te esquecer?
- Me diz tu Nei.

- Que é que eu vou fazer pra te deixar?
- Não sei também.

- Que é que eu vou fazer pra te lembrar?
- Tá, te decide.

- Em que espelho teu, sou eu que vou estar?
- Meu deus, que tanto de perguntas!

Não tem uma resposta pra variar um pouquinho?

Puxa vida Nei, o que é que eu vou fazer com a tua canção? Lembro? Esqueço? Deixo?

Até decidir, vou ouvindo mais um pouquinho. Talvez venha uma resposta...

Foda é que a música do Rappa não me sai da cabeça, atrapalhando a tua:

"Pra gente ver... O que sobrou do céu?" Seria isto uma pergunta ou uma afirmação?

Sei lá, por ora, vou de Nei. Mais uma vez.



PRA TE LEMBRAR

Que é que eu vou fazer pra te esquecer?
Sempre que já nem me lembro, lembras pra mim
Cada sonho teu me abraça ao acordar
Como um anjo lindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar...
Que é que eu vou fazer pra te deixar?
Sempre que eu apresso o passo, passas por mim
E um silêncio teu me pede pra voltar
Ao te ver seguindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus pode apagar
Que é que eu vou fazer pra te lembrar?
Como tantos que eu conheço e esqueço de amar
Em que espelho teu, sou eu que vou estar?
A te ver sorrindo
Mais leve que o ar
Tão doce de olhar
Que nenhum adeus vai apagar...


OUÇA A CANÇÃO:

Nei Lisboa - Pra Te Lembrar



8.2.19

Remanescentes (IV)



Se tem uma música que eu gosto de ter escrito é Terra de Ódio. Mas é preciso ser justo, o C-pultura deu uma mão na letra.
Essa música é muito boa e, nas mãos de um produtor razoável poderia ter sido - ou ainda pode vir a ser - um ícone do hardcore. Sem falsa modéstia.

A definição do Nacional sobre sermos uma banda de hardcore:
"Era...
Mas era q nem os carrinho bate e volta.
Nos largavam cheio de corda e a gente ia a mil batendo com a cabeça na parede mas nao parava"

Na época da Remanescentes, éramos jovens (menos o Nacional 😂😃), imaturos e inexperientes.
Principalmente inexperientes.
Hoje em dia, quando olho para trás, consigo ver o tanto de erros que cometemos, mas, muito por falta de qualquer orientação.

Simplesmente não havia acesso à informação que possibilitasse uma banda de guris trilhar seu caminho com suas próprias pernas.
Qualquer banda naquela época que chegava a algum lugar, dependia do aval de pessoas do meio, fosse rádios, selos de gravadoras, outras bandas já inseridas no mercado... enfim, tinha que ser aceito de certa forma. Talento era apenas uma premissa.
Na prática, isso significava lamber as bolas dessa gente até se conseguir alguma independência.
Essa parte era clara, e isto nunca me serviu. Sobre qualquer assunto, na vida.
Feliz era o Nacional que ficava contente se tocasse por xis. "Um xis e um refri pra gente tocar num boteco tá mais do que bom" ele dizia.

A foto ali em cima representa bem a formação da Remanescentes na maior parte do tempo de duração da banda. Sem querer cometer injustiças com nossos amigos, a banda mesmo era eu, o Nacional, o C-pultura e algum baterista. Ali na foto era o Negão.
Esse dia foi na cidade de Camaquã num inverno de 98 ou 99, acredito eu.

Aqui abaixo, tem a letra da música e o vídeo da apresentação no Colégio Becker.

Coloquei também uma gravação feita ao vivo no estúdio 155. Este estúdio era da banda de rockabilly Barba Ruiva & os Corsários.

Aliás, a música De Novo (Vagabunda) deles é muito massa. Vou deixar um vídeo que eu achei no Youtube aqui também.
O cara que sempre recebia a gente era o cidadão do contrabaixo acústico (no vídeo), não lembro o nome dele...


Terra de Ódio

Quero uma confissão
Dessa gente podre
Eles me dão força
Pra chutar a tua cara

Não adianta esperar sentado
Tarde demais pra chorar
Nosso futuro é fruto do passado
Uma semente há muito plantada

(Hardcore)
Terra de ódio, morte e corrupção
Mundo doente com fome e miséria
Pessoas dementes estragando a nação
Velhos carrascos dominam o Sistema

Você espera por um messias
Que alivie a sua dor
Eu espero que você morra
Pois essa semente foi você quem plantou

Gente faminta roubando pra comer
Eles não se importam, só querem nos foder
Cabelos penteados pra aparecer na TV
Velhos carrascos vão pro inferno apodrecer

Tenho medo de acordar
E descobrir que não estou sonhando
Se tudo isso for real
Esse mundo é mesmo insano

ASSISTA O VÍDEO
Remanescentes - Terra de Ódio - Col. Dom João Becker - 18/10/1997

OUÇA A CANÇÃO




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ASSISTA O VÍDEO

Barba Ruiva & os Corsários - De Novo (Vagabunda)






6.2.19

Remanescentes (III)



Eu comecei a trabalhar formalmente bem cedo, com 13 para 14 anos de idade. Isto significa dizer que a minha adolescência foi um pouco diferente da dos meus amigos, que eram uns vagabundos. Ou pelo menos assim eu julgava na época. Hoje em dia eu acho que eu deveria ter sido igual a eles neste sentido. Estavam apenas sendo adolescentes.
Essa breve contextualização serve para explicar que essa música foi composta por mim, em parceria com o Nacional, no verão, na praia, quando eu tinha uns 16 anos. Isto nos coloca em fevereiro de 1995 (nas minha férias anuais do trabalho), em Costa do Sol - Cidreira, na casa dos meus pais.
Só que se eu falasse apenas que foi na praia, daria a entender que eu estava na casa de praia, ou em alguma casa alugada, de férias do colégio coçando os dias inteiros até voltar para casa e seguir a vida de colégio do resto do ano.
Não era assim.

Eu e o Nacional já nos conhecíamos, daquele verão mesmo ou do anterior, não tenho certeza... mas, foi nesse verão que nos tornamos amigos.
Os pais dele tinham alugado a casa deles em fevereiro. Mas, ele foi para praia do mesmo jeito, apenas com uma mochila e sem lugar para ficar.
Quem conhece minimamente o Nacional sabe que ele não faz o tipo aventureiro, nem um pouco.
Acabou ficando lá em casa aquele mês.

Era comum ficar na frente de casa, cada um em uma cadeira preguiçosa com um violão dedilhando até sair alguma coisa. Foi numa dessas que surgiu Cirros, que é a música do vídeo desta postagem.

Música estranha, bem meia boca, mas, que traz consigo muitas boas lembranças. Dedicamos algum trabalho e sentimento para que ela saísse. Era um começo de tentativas de fazer música em um estilo um pouco diferente do que estávamos mais acostumados.

ASSISTA O VÍDEO:

 Remanescentes - Cirros - Col. Dom João Becker - 18/10/1997


A foto no início foi tirada num show no extinto Bar Fim (ou era Brugalli?), que ficava ao lado do João na Osvaldo. Fazia parte do também extinto projeto 10000 e Uma Noites da Suely e do Luiz. Não faço ideia de quem tirou essa foto ou como ela veio parar nas minhas mãos, mas a data foi algo entre 1998 e 1999.






5.2.19

Nei Lisboa


Se fosse possível colocar as imagens de 2001 - falo das imagens porque a música não envelhece - isto comporia parte dominante da minha realidade naquela época.

E se...?
Já dizia um velho amigo: "se" não joga.

Uma coisa é certa, a saudade.
Foi ontem.

O mais "louco" e adorável disso tudo, é que estou cada vez mais perto de 2001 novamente. Ao mesmo tempo que não.
Como disse certa vez, um certo Roger Waters: O sol é o mesmo, de forma relativa, mas você está mais velho, com menos fôlego e um dia mais próximo da morte.

Esse tipo de pensamento me traz a imagem e a voz um velho conhecido meio retardado que dizia: "a vida é loka cara".





Produção Urgente
Nei Lisboa

O mundo dá voltas à volta de Piccadilly Circus
Buscando a nota exótica que falta
Ao seu traje blasé televisivo

O mundo dá tratos à bola
À mesma que destrata
Pisando na miséria imediata

Contrata para produção urgente
Um negro bem dotado
E um latino quase inteligente



O mundo é dos vivos
O mundo é dos bancos
E os bancos dos mendigos

O mundo é de loucos
Que mundos não têm dono
E só somos vencidos pelo sono

O mundo é do novo
E o novo dos antigos
O mundo é quem sobrar no fim da noite
Dos amigos

Uma manhã inteira de contemplação e cagaço.


E foi bem parecido com esta última imagem. A linha traçadora de destinos apareceu assim, meio fraquinha, aparentemente indecisa, mas, pedalou a porta com os dois pés.