28.5.19

Estilo de Vida

albert allegra cole
Cena do filme Hitch - Conselheiro Amoroso

Não sou muito afeito a comédias românticas, porém, o filme acima eu já assisti várias vezes. Acontece que por várias vezes ele pareceu interessante, portanto, foi assistido várias vezes.

Em todas as 18 vezes que eu assisti o filme, sempre me chamou a atenção essa cena, que faz parte da imaginação do Albert (personagem desse ator aí), na qual ele imagina ele e a mulher - uma ricaça no filme - ali, assim, daquele jeito, naquela cena... Detalhe: é apenas a imaginação dele. Na verdade, eles estão em uma reunião debatendo as finanças dela, e ele é uma espécie de lacaio do sistema financeiro que serve de figurante de terno e gravata para um velho decidir o que fazer com o dinheiro da mulher. No mundo, costumam chamar isto de consultoria.

Toda vez que eu assisto essa cena, fico imaginando o quanto fazemos isto na vida real. O quanto nos enxergamos numa situação melhor do que a que realmente estamos. O quanto dependemos do nosso ego para sermos algo melhor do que realmente somos.

Acontece que cenas de Hollywood existem apenas nos filmes. Ficam restritas aos estúdios.

Com a maturidade aprendemos que cenas como a do filme ali acima são, na verdade, ridículas. Que - em verdade - se a vivêssemos, seria mais provável a vergonha do que a satisfação.

Mas, sejamos honestos, o filme é engraçado.










14.5.19

Mediterrâneo

Fita VHS da coleção Videoteca ZH - Mediterrâneo Capa do DVD - Mediterrâneo


LEIA OUVINDO:

Trilha sonora - L'arrivo

Às vezes parece que vou morrer logo.
Me lembro, logo que a Julia nasceu, eu quis muito comprar uma câmera filmadora (o ano era 2002) para poder gravar cada grunhido dela. Comprei e acabamos gravando cada grunhido dela.
Porém, isto teve um efeito colateral inesperado: quando eu menos percebi, eu estava gravando o cotidiano das vidas dos meus pais de maneira quase obsessiva, por vezes, muito chato.
Toda vez que nós íamos para praia (casa dos meus pais), eu levava a câmera e gravava, gravava e gravava...
Por que estou mencionando isto? Porque, nem dois anos depois desse período, começou uma série de perdas na nossa família...
Bem, não tem nada a ver uma coisa com a outra, mas, o afã por registrar momentos (aqui são pensamentos) ainda me traz essas lembranças.
Deixemos isto para lá...




Trilha sonora - I fratelli munaron e la pastorella


No final da década de 90 o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, lançou uma coleção de fitas VHS que eram vendidas junto com o jornal. Muitos jornais e revistas naquela época faziam isso. A pessoa pagava um pouco a mais que o valor do jornal e levava um filme junto com a porcaria do jornal.

Geralmente não eram filmes cobiçados pelos jovens. Eram filmes mais cult, por assim dizer.

Lá em casa, ou melhor dizendo, na casa dos meus pais, tinha alguns desses filmes. Geralmente a gente usava as fitas para gravar algo em cima. Foi o que aconteceu com o filme em questão.

Mediterrâneo. Filme italiano de 1991, mas, que se passava na época da Segunda Guerra Mundial.

Nunca dei bola para o filme. Até já tinha assistido alguns daqueles filmes, e, às vezes até gostava... Bah, mas, aquele não parecia ser bom.


Trilha sonora - Ballo in piazza


Passou-se um tempo, já era o ano 2000, e eu tinha ingressado na UFRGS e estava pleiteando moradia grátis nas duas casas do estudante que me eram possíveis: a CEU - Casa do Estudante Universitário na Av. João Pessoa, no centro de Porto Alegre, e a CEFAV - Casa dos Estudantes das Faculdades de Agronomia e Veterinária na Av. Bento Gonçalves, 7712 - Bairro Agronomia.

Acabei por morar na CEU, mas, foi na CEFAV - na entrevista que precedia a aprovação para morar lá - que aconteceu algo muito legal relacionado a este filme.

Éramos em uns 8 ou 10 alunos a serem entrevistados naquele dia, e ficamos esperando em uma sala a chamada para a entrevista. Foi então que colocaram o filme Mediterrâneo da coleção Videoteca ZH para assistirmos enquanto esperávamos ser chamados para a entrevista.

Na mesma hora eu pensei: Puta merda! Logo essa bosta de filme que tem lá em casa e eu nunca quis ver, mas tá, melhor que ficar olhando para parede.





Trilha sonora - Il tempo passa


Começamos a assistir o filme totalmente por falta do que fazer enquanto esperávamos.
Se fosse hoje em dia, nem se preocupariam em nos entreter enquanto esperávamos, pois certamente, cada um estaria imerso no seu próprio mundo digital até ser chamado para entrevista.

A entrevista era tipo uma conversa, e não era muito longa, e eu era algo entre o quinto e o sexto na lista - tinha uma misteriosa ordem de classificação.

Só sei dizer que, lá pelas tantas, eu já estava curtindo o filme. Acho que depois da segunda entrevista eu já estava torcendo para que desse tempo de terminar de ver o filme até me chamarem.






Trilha sonora - Progetti per il futuro


Acontece que as entrevistas não duravam nem 10 minutos, ou seja, eu não ia conseguir ver todo filme.
Bem, foi então com um certo pesar que eu abandonei o filme para atender a chamada para a entrevista do que poderia vir a ser a minha nova casa.
Antes de entrar, pedi licença para verificar no videocassete quanto tempo de filme já tinha transcorrido. Estava, mais ou menos, em 40 minutos de filme e eu pensei: esse filme tem lá na praia.
Quando saí da entrevista estava em, mais ou menos, 47 minutos.
Eu me lembrava de ter gravado alguma coisa por cima da fita que tinha na praia, só não sabia quanto tempo de filme eu tinha consumido naquele ato impensado.




Trilha sonora - Lo sbarco



De qualquer forma, tive que esperar até o fim de semana para descobrir se eu conseguiria ver o resto do filme.
Quando cheguei na praia, contei aquela história para os meus pais. Minha mãe não deu nem bola, mas, meu pai ficou curioso para saber se eu conseguiria ver o fim do filme.
Quando coloquei a fita constatei que eu havia "matado" quase 50 minutos do filme gravando por cima, ou seja, com toda essa odisseia eu perderia menos de 10 minutos de filme.

Foi assim que eu conheci este filme, que considero um dos melhores filmes que já vi, e já assisti pelo menos uma dezena de vezes desde então.
Algumas dessas vezes tive o prazer de estar acompanhado pela minha filha, que aliás, também gosta do filme e da trilha sonora.

Mediterrâneo em DVD