22.2.24

Saco Cheio



Saco cheio.

De tanto me incomodar com gente que já está morta para mim há tempos, hoje me deu vontade de vomitar aqui.

Me ocorreu uma coisa ontem à noite: será que quem se mata, se mata apenas por infelicidade, por tristeza? Ou por raiva e indignação também?

Daí fui mais além, além da encarnação, além da evolução do espírito, além do querer sobre qualquer coisa... E se deixássemos de existir? Quem inventou a Existência, e com que propósito?

Deixar de existir seria o equivalente terreno ao suicídio, porém, sem lembranças, sem arrependimentos, apenas a abdicação da própria existência.

Devo ser grato por ter sido criado "simples e ignorante"? Por ter sido criado, simplesmente?

Que saco, hein?!

Cada vez mais, tem cada vez menos para se apegar. Coisa que, de certo modo, me parece o objetivo.

Essa patacoada de macacos se acotovelando por um lugar na superfície desse planeta...

Que saco!

Certo é que essa prisão em 4 dimensões é finita. O espelho esfrega isso na minha cara todos os dias. Talvez um dia as cortinas se abram e a luz finalmente adentre ao recinto.

Até lá, vamos fingindo esse joguinho de querer...







7.12.23

1998



Em 1998 eu fui morar sozinho pela primeira vez (e única).

Com 19 anos ter um canto para poder fazer o que bem entender é algo grande. De todas as merdas que eu faria naqueles dois anos e meio que se seguiriam, teve muita coisa boa, algumas ruins e algumas pequenas coisas.

É curioso como as pequenas coisas permanecem, muitas vezes mais até do que o que supomos ser o mais importante.

Lembro de comer bastante uma feijoada da Oderich. Era algo bem agradável e com bastante "sustância"... A lata na época tinha um rótulo branco.

Até hoje, quando ouço músicas do disco The Model do Kraftwerk, especialmente Neon Lights e The Model, lembro da sensação de estar em horário de almoço (intervalo do trabalho), comendo uma feijoada em lata, com arroz, esquentada na panelinha de alumínio...

Ah, teve muito The Cure do The Top e Pearl Jam do Yield nessa época também...

As coisas eram 100% orgânicas nessa época.













17.11.23

Beco do Mijo

    

   Certa vez, me contaram que a Rua 24 horas, em Porto Alegre, tinha o apelido de Beco do Mijo. Isso no passado, em meados do século XX. E só mais recentemente que eu fui descobrir que a tal Rua 24 horas, se chama na verdade Travessa Acilino de Carvalho.

    Na ocasião em que me contaram isso, me contaram também de um autor, não lembro quem era, mas que, supostamente, teria escrito um "poema" no qual teria dito a seguinte frase: "Porto Alegre das putas, da porra e do mijo"... Até hoje não sei se isso é real, fato é que, dia desses, mexendo em tralhas e papeladas antigas, achei a pequena crônica digitalizada abaixo. Deve datar de algo em torno de 2000, 2001...

    De alguma forma, eu acredito que tenha sido influenciada pela informação duvidosa que eu descrevi.


















6.10.23

Perigosas Peruas





Hoje algum espírito saudosista andou por aqui.

Do nada, me veio a novela Perigosas Peruas à cabeça. Passou em 1992, na Globo.

Lembro bem porque foi no dia 6 de dezembro desse mesmo ano que a minha vida mudou para sempre. Tudo que eu conhecia até então, na forma como eu conhecia, seria desfeito e/ou modificado.

Por conta disto, essa novela tem um lugar especial nas minhas memórias. É praticamente a representação audiovisual do que foi, para mim, o encerramento da minha infância.
No final desse ano, como eu mencionei, eu comecei forçadamente um processo de amadurecimento ininterrupto, que foi o resultado da mudança da minha família para a praia de Costa do Sol - RS, e consequentemente, a minha saída de casa.

Perigosas Peruas passou durante o ano de 1992, eu assistia porque eu era apaixonado pela atriz Natália Lage, que fazia a personagem Tuca na novela. Paixão platônica juvenil.

Tinha saído uma matéria sobre ela no jornal Zero Hora, aqui de Porto Alegre, e eu me identifiquei imediatamente. Tínhamos a mesma idade, fazíamos aniversário com dias de diferença, ou seja, na realidade não tinha motivo nenhum para a minha "identificação", mas, a cabeça de um jovem de 13 anos, cheio de hormônios, não precisava de muita coisa para ir longe...

E lá se vão 31 anos, e eu comecei a seguir a atriz no Instagram. Memória afetiva é foda.









29.5.23

De repente 30...


Sábado, almoçando com a minha filha na Osvaldo, enquanto contava para ela e o namorado sobre como "parece que foi ontem" que eu andava por ali, na UFRGS, com meus vinte e pouquinhos anos, antes mesmo de ela ir para o forno...

A vida passa é muito rápido mesmo, de repente, estou com 44. Como mudam os conceitos, como mudam as pessoas, como a gente muda por dentro...

Lembro da bolsa na Química da UFRGS, dos ônibus Agronomia para o Campus do Vale, logo em seguida ela já se prepararia para vir ao mundo, daí o trampo na Acit na frente da pista de skate do IAPI, o cursinho para o concurso do Banrisul, e por que não lembrar: o cu na mão. Medo de tudo, parecia sempre que tudo ia dar errado. O futuro era incerto naqueles dias.
A gente costuma olhar para trás e dizer: tempo bom. Tempo bom, porra nenhuma! Cheio de restrições, de inseguranças, de pressa... Só era bom ser jovem mesmo.

Mas tem uma coisa que era boa mesmo: aquele pastel com coca cola no bolichinho perto da Acit. Bah, depois de horas de trampo, na secura da fome, parar ali e comer um pastel de massa caseira, com uma coquinha garrafinha de vidro... Me sentia um rei nessa hora.

R. Cel. Feijó, 890 - Higienópolis, Porto Alegre - RS, 90520-060

Faz mais de vinte anos e ainda parece que foi ontem.
É estranho como dá uma vontade de dizer: "tempo bom...", mas não era. Não, mesmo!



10.8.22

Tolices







é... eu estive lá, com a faca e o queijo na mão...

quantas canções poderiam ter sido gravadas, quantos pequenos shows deixaram de acontecer...

quanta gente continuou no rol dos desconhecidos...

quanta droga, quanta insatisfação...

quanta tragédia, quanta solidão...

Tolices





9.8.22

Palavras



Certa vez eu questionei: como pôde??? Como pôde???


A resposta foi: pôde porque pode. As pessoas são assim.

Pessoas são como são, e fazem o que fazem, e não há nada que tu, nem ninguém, possa fazer quanto a isso.

Pois é, somos como somos...