Houve um tempo em que eu ingenuamente cheguei a acreditar que a autenticidade quase total era a forma honesta de comportamento.
Tinha para mim que os papéis
sociais que somos levados a desempenhar todos os dias da nossa vida,
praticamente desde o nascimento, eram por assim dizer, honestos, apenas da
porta da rua pra fora. Ou seja, as pessoas que nos são caras DEVERIAM ser
poupadas da balela social que nos é imposta.
Para alguém que eu amava,
respeitava e queria verdadeiramente bem, era proibido usar qualquer máscara
social, isso era equivalente a incorrer em falsidade ou indiferença.
Na prática, isso resultou que em
vários momentos fui tomado por grosseiro ou ríspido, quando na verdade eu estava
apenas tentando ser cem por cento honesto com os que me importavam mais.
Houve
sempre quem percebeu a diferença e quem não percebeu. Para estes últimos eu aparentava
apenas ser mal educado.
De um modo geral, as pessoas
preferem a forma ao conteúdo. De um modo geral, é preferível ser agradável da
casca pra fora, sem importar o que tem dentro.
Algumas das pessoas mais filhas
da puta que conheci eram pessoas muito agradáveis.
A chamada educação, os sorrisos,
os “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”, não passam de vaselinas sociais, mas,
incrivelmente há quem caia nessa. Aliás, a maioria cai.
Como não passo de “mais um” nessa
sociedade de macacos pelados que se acham grande coisa, quem sou eu para
subverter a ordem da macaquice?
Decidi então: que se foda! Que
triunfe a forma!
Vou tentar ser uma cara legal
daqui para frente. Vai ser difícil pra mim, não sou muito bom em fingir, mas
isso também se aprende. Afinal, o esforço pela forma exige compensações, eis o cerne e a justificativa da filhadaputice e da própria forma.
Pessoas legais se dão bem.
Pessoas legais são bem vistas e aceitas pelos que lhes rodeiam.
Quem não quer
se dar bem?
Fico imaginando se o Führer
tivesse sido uma cara mais “cool” qual seria a imagem dele hoje perante o restante
dos terráqueos...
Certamente seria um ídolo de multidões, pois, se mesmo tendo
sido um mala conquistou prosélitos. Se tivesse sido simpático, “gente fina”, talvez o holocausto fosse apenas boato.
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